Mil novecentos e cinquenta e quatro foi um ano importante para a Alemanha. Nos esportes, a seleção de futebol conquistava a primeira Copa do Mundo após uma vitória de 3×2 sobre a Hungria no Estádio Wankdorf, em Berna, no dia 4 de julho. Duas semanas depois nascia Angela Merkel, futura chanceler do país. O mundo das artes se agitava com a quarta edição do Berlin International Film Festival, enquanto novos rumos políticos eram traçados com as eleições gerais da Alemanha Oriental.
Nada disso pareceu ofuscar a estreia do Mercedes-Benz 300 SL Coupé, o principal lançamento automotivo daquele ano.
Foi no dia 6 de fevereiro de 1954, na abertura do Salão Internacional de Automóveis de Nova York, que a marca da estrela inaugurou a categoria dos superesportivos. Com suas portas de abertura vertical, instantaneamente ganhou o apelido de “Gullwing”. Era a versão para as ruas do SL de corrida lançado dois anos antes.
As tais portas “asa de gaivota” surgiram de uma necessidade da engenharia: a construção de vanguarda do modelo exigia que uma peça-chave do chassi passasse pelo espaço que a parte de baixo de qualquer porta normal precisaria ocupar. A solução foi instalar dobradiças no topo das portas. No museu da marca, em Stuttgart, essa espécie de esqueleto metálico ganha ares de obra de arte.
Seu motor foi o primeiro a ter injeção direta de gasolina, com o combustível sendo esguichado direto para dentro de cada cilindro. Trata-se de um 3.0 de seis cilindros herdado dos pacatos sedãs da série 300, mas que sob o longo capô do SL – sigla para Sport Leicht, “esportivo” e “leve” em alemão – dobrava de potência, chegando a 215 cv. Parece pouco em comparação com os modelos de hoje, mas setenta anos atrás fez do 300 SL o carro de produção em série mais rápido do planeta.
Em 1955 nascia o mais acessível 190 SL. Dotado de um motor 1.9 de 103 cv, seguiu até 1963 e somou mais de 26 mil exemplares. Um deles, ano 1958, pode ser visto ao vivo no Dream Car Museum.
O acervo do museu conta também com uma unidade da segunda geração, revelada no Salão de Genebra de 1963. Apelidada de “Pagoda”, deriva seu nome do tipo de teto rígido, de arte criada pelo engenheiro austríaco Bela Barenyi.
E o exemplar que está no Dream Car Museum ainda tem um charme especial: foi este exato modelo que levou o piloto inglês Lewis Hamilton para uma volta de apresentação antes do GP de Interlagos de 2024.
Atualmente o Mercedes-Benz SL está na sétima geração.